domingo, 13 de março de 2011
Mário de Andrade e Platão
O Losango Cáqui, 1924
XXXIII
"Prazeres e dores prendem a alma no corpo como um prego. Tornam-na corporal ... Consequentemente é impossível pra ela chegar pura nos Infernos."
Platão
Meu gozo profundo ante a manhã Sol
a vida carnaval...
Amigos
Amores
Risadas
Os piás imigrantes me rodeiam pedindo retratinhos
de artistas de cinema, desses que vêm nos maços de cigarros
Me sinto a Assunção, de Murillo!
Já estou livre da dor...
Mas todo vibro da alegria de viver.
Eis porque minha alma inda é impura.
XXXIII bis *
PLATÃO
Platão! por te seguir como eu quisera
Da alegria e da dor me libertando
Ser puro, igual aos deuses que a Quimera
Andou além da vida arquitetando!
Mas como não gozar alegre quando
Brilha esta alva manhã de primavera
- Mulher sensual que junto a mim passando
Meu desejo de gozos exaspera!
A vida é bela! Inúteis as teorias!
Mil vezes a nudeza em que resplendo
À clâmide da ciência, austera e calma!
E caminho entre aromas e harmonias
Amaldiçoando os sábios, bendizendo
A divina impureza de minha alma.
* Publicado na Klaxon o poema anterior causou hilariedade. Era natural. Por caçoada vesti minhas sensações e ideias com este soneto.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário