terça-feira, 18 de dezembro de 2007

velha postagem


velho, o tempo cheira
quando é cheiro do tempo que passou
velho, o tempo poeira
rolando a ribanceira do meu corredor
velha, acumula a bagaceira
enchendo de trambolho o biodigestor

quando brinca o tempo de velho
o planeta dá outra volta no hemisfério
é sinal que novo dia começou

guerra em linha reta


linha reta é quem se sabe
sabe qual é
tá no meio da guerra
não tem tempo de errar

todos somos estrangeiros
na maior parte do mundo
e na maior parte do tempo
somos outros, estranhos

me, mim, mim mesmo, eu
ue, omsem mim, mim, em
deixa de ser e se torna
outroortuo

tortuo
outro

nesse caminho de curvas

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

nova postagem

nova postagem, aqui postando, impostando, emprestando, imprestando, ai menino que não presta, esse menino é danado, esses meninos...

cada caminho da árvore tem uma calçada
quando é de terra batida o pé sente melhor

é gostoso caminhar o pé na terra

sente falta o esqueleto
sente falta cada centímetro da pele

se esfregar todo com jiló e guariroba pra depois sentir o cheiro
que amargo é esse? que tanto amargor e amargura?
toma um banho de amêndoa que te quero a pele mais pura

sábado, 30 de junho de 2007

tempo vento cachoeira


tempo vento cachoeira
música leva o coração na rua downstreet
downtown o coração no caminho de barro
a gente vai pra muito longe
que é bem aqui.

tempo vento cachoeira
saudade do mato
saudade do matão
nostalgia de quem eu nunca fui

fica só na lembrança
rememoração
anamnesis

o conhecimento
fica só na lembrança.

a anamnese vem de longe
como uma alma esquecida de si
de seu caminho
das viagens que fez muito antes de nascer
pela segunda vez.

jiló com guariroba, gosto de amargo
esquecido na lembrança
como amargo que cura
como cura

amarga meu coração
das nostalgias de limão
vem acidez me proteger
da fantasia alcalina
que me submerge
base

adonde estará la base?

tempo
vento
cachoeira

quarta-feira, 20 de junho de 2007

fumo dos deuses

a fumaça é a vida subindo pros deuses sentirem o cheiro.

os deuses que estão lá em cima, aqui no meio e lá em baixo.
aqui em baixo e lá no meio.
lá no alto, em baixo, em cima, bem longe daqui.

aqui não estão os deuses
só os rastilhos
só as lâminas
só as cercas cortantes
as grades
o descontrole
da liberdade

o descontrole da liberdade
a liberdade do descontrole
o descontrole da liberdade
a liberdade do descontrole

aqui em cima, aqui em baixo, aqui no meio

o fumo agrada os deuses
mas não aos homens
não a todos os homens
e mulheres
há homens e mulheres a quem o fumo agrada
há aqueles a quem intoxica
há aqueles a quem sufoca
há aqueles a quem torna-se respiro

em cima, em baixo, entre
há a respiração, os fluxos, a seiva, o desejo

há a respiração lenta e suave
há a respiração ofegante
trânsfuga

há as respirações em fuga
há as fugas
a vida foge
e está aqui, presente

ô guilhermina, ô guilhermina

guariroba com jiló


jiló com guariroba é amargo, tem que saber cozinhar.
eu não sei.
sei muito pouco.
cozinho arroz com ovo e às vezes gruda.
ou fica papa. mas papa já aprendi a não fazer tanto.
tanto que o arroz fica duro, sem cozinhar.

talvez não seja pra comer, jiló com guariroba.
coma só o quanto você puder,
se puder.
mas deixe o amargo amargar o quanto ele puder.

o rio passa,
as margens mudam.