terça-feira, 29 de dezembro de 2009

novo ano?

ano novo onde é que eu vou?
vou ficar por aqui mesmo
andando ali, andando aqui
procurando...
um novo post para um novo ano
ano novo
feliz planeta novo
o sol é novo a cada dia
estou procurando
um novo post
para um novo ano
um novo posto
uma nova aposta
uma nova posta
estou procurando...

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

de que rio na guerra?

o que segue é um relato/desabafo de um morador do Complexo do Alemão, que escreve e se inscreve no calor das balas que nem sempre são perdidas... para ler, compreender e transformar a realidade brasileira...



***
Gente,
Escrevo abaixo um novo desabafo. Está fresquinho...enquanto digito o coro está comendo aqui.
Caveirão invade, às 10h30, o Complexo do Alemão, mais precisamente a favela de Nova Brasília. Depois de uma avalanche de presságios na Imprensa de “referência” do Rio de Janeiro onde as notícias centrais eram sobre a fala do secretario de segurança pública Mariano Beltrame de que o Rio não é violento, a polícia para responder as “críticas” dos jornalões resolve fazer uma incursão no Complexo do Alemão às 10h30 da manhã. Uma multidão de gente na rua, crianças vindo e indo para as escolas, comércios locais cheios de clientes etc. Começou o surdunço, neste exato momento da minha casa ouço vários tiros, muitos tiros, a bala tá comendo... depois disso vem o que todos já sabem, ou seja, notícia de que uma bala “perdida” matou uma pessoa inocente e que o tiro saiu da arma supostos traficantes, além de toda uma legitimação da morte de uma monte de gente de um lado e de outro a sentença, o juízo e a cretinice. Qual o resultado prático de mais um operação “pacífica”? Qual o propósito disso?
O Complexo do Alemão estava em paz (um período razoável), porém uma paz ameaçada de pelos quatro cantos, uma paz estranha, mas para que paz se o estado é beligerante? O que me incomoda nesta história é que ela se repete com freqüência. É só os jornalões investirem na máxima: A cidade do Rio está um caos, violenta, por exemplo, que tudo recomeça, aliás, são eles que investem constantemente e fazem da violência uma forma de manter a “paz” e mais do que isso uma forma de aquecer a economia de seguros de automóveis, sistemas de segurança etc., e reduzir a vida a Shopping Center. Daí a necessidade dessa contradição. Sugiro vocês acompanharem o que os jornalões noticiaram hoje e noticiarão amanhã.
A desfaçatez e o torpor de todos os que legitimam tais ações me dá nojo.
Preciso externar minha cólera contra tudo e todos que acreditam que a favela é o problema por excelência da sociedade civilizada. Peço desculpas àqueles que, “inconscientemente”, fazem seus discursos movido pela paixão doentia de uma paz quase metafísica, por conseguinte de uma vida mais tranqüila e feliz amparado nos discursos midiáticos. Nos últimos dias tem-me batido uma extrema revolta devido aos discursos, diálogos, papos que estou envolvido direta ou indiretamente. Uma revolta que se justifica, a meu ver, pela insistência em que tais falas não cessam de justificar a violência (retida estritamente a arma de fogo), os assaltos que vivemos na cidade do Rio de Janeiro. A favela e os favelados são a causa dessa barbárie. Bom, pelo menos pensam e agem assim os cidadãos de classe média e todos aqueles que reproduzem o discurso oficial que a favela e adjacências são um perigo constante.
O tempo todo ouço dizer que onde eu moro é perigoso, que o percentual de assaltos, assassinatos e todo tipo de degeneração social é elevadíssimo. Isso é irritante e confesso que cheguei ao meu limite. Quem gosta de mim, por favor, me poupe de comentários do tipo que mencionei acima. Já não suporto ver e ouvir amigos próximos que cresceram comigo e conseguiram a custa de muito esforço “mudar de vida”. Hoje. boa parte desses amigos, pertencem a outra “classe” social e de lá com seus binóculos costumam olhar para a favela quando lhe sobram tempo lêem um bom jornal e ou assistem TV informando de maneira imparcial e com base em pesquisas fidedignas que a favela é um problema para a sociedade. Esses amigos vivem dizendo que não podem me dar carona em seus carros com medo de serem roubados. Esses amigos olham para a favela e dizem que é um lugar feio de gente feia, pobre sem educação.
Ontem comemoramos o dia da favela com um evento com inúmeras manifestações culturais como dança, capoeira, música, teatro, artesanato, audiovisual etc., tudo feito e realizado pela favela e favelados em parceria com a secretaria de cultura do estado (que contradição né. Ponto para a secretaria pois é a única que está enxergando a pluralidade do Complexo). Alguém soube desse evento? Alguém assistiu em alguma emissora de TV ou leu em algum jornal? Parece que a TV Brasil foi a única que esteve lá, quando lá é lá no mais alto do morro, no cume, no campo onde houve aquele estardalhaço na morte do Tim Lopes...

Grande abraço e muita paz,
***

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

futuro passado

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

amem

"Não ame pela beleza, pois um dia ela acaba. Não ame por admiração, pois um dia você se decepciona. Ame apenas, pois o tempo nunca pode acabar com um amor sem explicação."

domingo, 2 de agosto de 2009

¿QUÉ LES QUEDA A LOS JÓVENES?

Mario Benedetti

¿Qué les queda por probar a los jóvenes en este mundo de paciencia y asco?
¿Sólo grafitti? ¿rock? ¿escepticismo?
También lês queda no decir amén
No dejar que les maten el amor
Recuperar el habla y la utopía
ser jóvenes sin prisa y con memoria
situarse en una historia que es la suya
no convertirse en viejos prematuros
¿qué les queda por probar a los jóvenes
en este mundo de rutina y ruina?
¿cocaína?¿cerveza?¿barras bravas?
Les queda respirar / abrir los ojos
Descubrir las raíces del horror
inventar paz así sea a ponchazos
entenderse con la naturaleza
y con la lluvia y los relámpagos
y con el sentimiento y con la muerte
esa loca de atar y desatar
¿qué les queda por probar a los jóvenes
en este mundo de consumo y humo?
¿vértigo? ¿asaltos? ¿discotecas?
También les queda discutir con dios
tanto si existe como si no existe
tender manos que ayudan / abrir puertas
entre el corazón propio y el ajeno
sobre todo les queda hacer futuro
a pesar de los ruines del pasado
y los sabios granujas del presente.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

ideia

idéia sem acento
idéia sem assento
ideia sem acento
ideia sem assento

quarta-feira, 20 de maio de 2009

si dios fuera una mujer

Mario Benedetti (1920-2009)

¿Y si Dios fuera una mujer?
Juan Gelman

¿y si dios fuera mujer?
pregunta juan sin inmutarse

vaya vaya si dios fuera mujer
es posible que agnósticos y ateos
no dijéramos no con la cabeza
y dijéramos sí con las entrañas

tal vez nos acercáramos a su divinades
nudez
para besar sus pies no de bronce
su pubis no de piedra
sus pechos no de mármol
sus labios no de yeso

si dios fuera mujer la abrazaríamos
para arrancarla de su lontananza
y no habría que jurar
hasta que la muerte nos separe
ya que sería inmortal por antonomasia
y en vez de transmitirnos sida o pánico
nos contagiaría su inmortalidad

si dios fuera mujer no se instalaría
lejana en el reino de los cielos
sino que nos aguardaría en el zaguán del
infierno
con sus brazos no cerrados
su rosa no de plástico
y su amor no de ángeles

ay dios mío dios mío
si hasta siempre y desde siempre
fueras una mujer
qué lindo escándalo sería
qué venturosa espléndida imposible
prodigiosa blasfemia

Se todo mundo sair de carro ninguém anda

http://www.youtube.com/watch?v=oQjX19ZPbDY

Doses crescentes de engarrafamento
Doses crescentes de mais engarrafamento
Doses crescentes de ainda mais engarrafamento
Doses crescentes de automóveis de engarrafamento
Doses crescentes de mais automóveis de engarrafamento
Doses crescentes de ainda mais automóveis de engarrafamento
Doses automóveis crescentes de ainda mais automóveis de engarrafamento
Doses mais automóveis crescentes de ainda mais automóveis de engarrafamento
Doses ainda mais automóveis crescentes de ainda mais automóveis de engarrafamento
Mais doses ainda mais automóveis crescentes de ainda mais automóveis de engarrafamento
Ainda mais doses ainda mais automóveis crescentes de ainda mais automóveis de engarrafamento
Ainda mais automóveis doses ainda mais automóveis crescentes de ainda mais automóveis de engarrafamento
Doses ainda mais automóveis doses ainda mais automóveis crescentes de ainda mais automóveis de engarrafamento
Mais doses ainda mais automóveis doses ainda mais automóveis crescentes de ainda mais automóveis de engarrafamento
Ainda mais doses ainda mais automóveis doses ainda mais automóveis crescentes de ainda mais automóveis de engarrafamento
Automóveis ainda mais doses ainda mais automóveis doses ainda mais automóveis crescentes de ainda mais automóveis de engarrafamento
Mais automóveis ainda mais doses ainda mais automóveis doses ainda mais automóveis crescentes de ainda mais automóveis de engarrafamento
Ainda mais automóveis ainda mais doses ainda mais automóveis doses ainda mais automóveis crescentes de ainda mais automóveis de engarrafamento
Ainda mais automóveis ainda mais doses ainda mais automóveis doses ainda mais automóveis crescentes de ainda mais doses automóveis de engarrafamento
Ad catastrophem

amor ambiente

O amor condicionado como o ar
Está ressecando minhas narinas
E o ar que respira o antigo coração

O sangue a correr nas velhas veias
Do oxigênio condicionado do amor
Engarrafado em doses crescentes
De carbono queimado na atmosfera

o amor respira o ar da atmosfera
condicionado como o ar está o amor
do oxigênio sufocado pela queima
do carbono vegetal e mineral da terra

as narinas ressecadas
e o antigo coração condicionados
sufocados nesta atmosfera
de abandono do ar
de queima do carbono

o coração fumaça
sufoca o amor do mundo
a indústria do coração fumaça
sufoca

quinta-feira, 7 de maio de 2009

viração



poema na rua
amigo me diz
vai
agora vai
beijo
a rua me beija

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

"As coisas que chamamos de amor"

"Cobiça e amor: que sentimentos diversos evocam essas duas palavras em nós! - e poderia, no entanto, ser o mesmo impulso que recebe dois nomes; uma vez difamado do ponto de vista dos que já possuem, nos quais ele alcançou alguma calma e que temem por sua 'posse'; a outra vez do ponto de vista dos insatisfeitos, sedentos, e por isso glorificado como 'bom'.

Nosso amor ao próximo - não é ele uma ânsia por nova propriedade? E igualmente o nosso amor ao saber, à verdade, e toda ânsia por novidades?

Pouco a pouco nos enfadamos do que é velho, do que possuímos seguramente, e voltamos a estender os braços; ainda a mais bela paisagem não estará certa do nosso amor, após passarmos três meses nela, e algum litoral longínquo despertará nossa cobiça: em geral, as posses são diminuídas pela posse. Nosso prazer conosco procura se manter transformando algo novo em nós mesmos - precisamente a isto chamamos possuir.

Enfadar-se de uma posse é enfadar-se de si mesmo.

(Pode-se também sofrer da demasia - também o desejo de jogar fora, de distribuir; pode ter o honrado nome de "amor".)

Quando vemos alguém sofrer, aproveitamos com gosto a oportunidade que nos é oferecida para tomar posse desse alguém; é o que faz o homem benfazejo e compassivo, que também chama de "amor" ao desejo de uma nova posse que nele é avivado, e que nela tem prazer semelhante ao de uma nova conquista iminente.

Mas é o amor sexual que se revela mais claramente como ânsia de propriedade: o amante quer a posse incondicional tanto sobre sua alma como sobre seu corpo, quer ser amado unicamente, habitando e dominando a outra alma como algo supremo e absolutamente desejável.

Se considerarmos que isso não é outra coisa senão excluir todo o mundo de um precioso bem, de uma felicidade e fruição; se considerarmos que o amante visa o empobrecimento e privação de todos os demais competidores e quer tornar-se o dragão de seu tesouro, sendo o mais implcacável e egoísta dos 'conquistadores' e exploradores; se considerarmos, por fim, que para o amante todo o resto do mundo parece indiferente, pálido, sem valor; e que ele se acha disposto a fazer qualquer sacrifício, a transtornar qualquer ordem, a relegar qualquer interesse: então nos admiraremos de que esta selvagem cobiça e injustiça do amor sexual tenha sido glorificada e divinizada a tal ponto, em todas as épocas, que desse amor foi extraída a noção de amor como o oposto do egoísmo.

Nisso, evidentemente, o uso lingüístico foi determinado pelos que não possuíam e desejavam - os quais sempre foram em maior número, provavelmente. Aqueles que nesse campo tiveram posses e satisfação bastante deixaram escapar, aqui e ali, uma palavra sobre o 'demônio furioso', como fez o mais adorável e benquisto dos atenienses, Sófocles: mas Eros sempre riu desses blasfemos - eram, invariavelmente, os seus grandes favoritos.

- Bem que existe no mundo, aqui e ali, uma espécie de continuação do amor, na qual a cobiçosa ânsia que duas pessoas têm uma pela outra deu lugar a um novo desejo e cobiça, a uma elevada sede conjunta de um ideal acima delas: Mas quem conhece tal amor? Quem o experimentou? Seu verdadeiro nome é amizade."

Friedrich Nietzsche. Gaia Ciência, § 14.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Plutarco

"Não se pode exercer a retórica sem falar, porém exerce-se a filosofia mesmo pelo silêncio, ou pelo gracejo; porquanto, assim como o mais alto grau da injustiça é não ser justo, e todavia parecê-lo, assim também a culminação da ciência consiste em filosofar sem dar indícios de tal, e de semblante alegre fazer o mesmo que fazem os mais sérios".

apud Tobias Barreto. "Teoria do peruísmo ou filosofia do peru". SP: Barcarolla, 2004.