A Guimarães Rosa
Não permita Deus que eu morra
Sem que ainda vote em você;
Sem que, Rosa amigo, toda
Quinta-feira que Deus dê,
Tome chá na Academia
Ao lado de vosmecê,
Rosa dos seus e dos outros,
Rosa da gente e do mundo,
Rosa de instensa poesia
De fino olor sem segundo;
Rosa do Rio e da Rua,
Rosa do sertão profundo!
(Manuel Bandeira)
Retruque a Guimarães Rosa
Respondo a Guimarães Rosa
Em pé de romance assim:
Vou pedir ao Maçarico,
Vou pedir a Miguilim
Que a mano Rosa eles digam:
- "Rosa, não seja ruim.
Faça a vontade do bardo,
Ainda que bardo chinfrim!"
E eu secundo: Mano Rosa,
Rosa, rosai, rosae, rosae,
Vou aos meus dias pôr um fim.
Antes, porém, me prometa,
Pelo Senhor do Bomfim;
Que à minha futura vaga
Você se apresenta, sim
Muito saudar a Riobaldo,
Igualmente a Diadorim!?
(Manuel Bandeira)
quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
abateraberta
a porta que tento bater nunca está aberta
essa ousadia que é abrir mão do quero,
por não me contentar com menos.
não me deixa bater a porta
aberto o meu querer sereno
ameno como a lava do vulcão
sereno como o fogo
da madrugada
que pousa sobre as folhas
em gotículas de água
orvalho
a ousadia lava a cara da gente
pra ficar mais aberta
e beijo
essa ousadia que é abrir mão do quero,
por não me contentar com menos.
não me deixa bater a porta
aberto o meu querer sereno
ameno como a lava do vulcão
sereno como o fogo
da madrugada
que pousa sobre as folhas
em gotículas de água
orvalho
a ousadia lava a cara da gente
pra ficar mais aberta
e beijo
quarenta anos para 1968
a revolução está se consumindo...
a consumação está revolucionando...
a consumação do consumo incessante revoluciona todas as condições a ponto de revolver a terra por baixo, a mais profunda grota da terra, para extrair todo o óleo petróleo matéria prima de toda química plástica poligrotesca donde o monstro de óleo e plástico surgirá do acúmulo carbônico dos oceanos e rios, godzilla é a superação revolucionária da sociedade de consumo.
a imaginação está tomando o poder!
a consumação está revolucionando...
a consumação do consumo incessante revoluciona todas as condições a ponto de revolver a terra por baixo, a mais profunda grota da terra, para extrair todo o óleo petróleo matéria prima de toda química plástica poligrotesca donde o monstro de óleo e plástico surgirá do acúmulo carbônico dos oceanos e rios, godzilla é a superação revolucionária da sociedade de consumo.
a imaginação está tomando o poder!
sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
depressão a vinte metros
acorde pessimista, mesmo com a luz do sol e do céu brilhando sobre sua cabeça
acorde pessimista e previna-se da depressão,
mal que acomete especialmente os otimistas e esperançosos de toda espécie
o pessimismo radical é apenas
uma visão clara sobre o homem
ser jogado no mundo sem opção de escolha
sem conhecimento de fins ou causas
apenas com a clara, ofuscante consciência da finitude
o pessimismo mostra que a felicidade é uma ilusão
mas libertar-se da ilusão permite-lhe as alegrias possíveis
o mais próximo da realidade possível
que alegria é possível na queda constante no abismo?
a beleza das escarpas passando,
a paisagem, os encontros em plena queda
desfazimento, dissipação, difusão
acorde pessimista e previna-se da depressão,
mal que acomete especialmente os otimistas e esperançosos de toda espécie
o pessimismo radical é apenas
uma visão clara sobre o homem
ser jogado no mundo sem opção de escolha
sem conhecimento de fins ou causas
apenas com a clara, ofuscante consciência da finitude
o pessimismo mostra que a felicidade é uma ilusão
mas libertar-se da ilusão permite-lhe as alegrias possíveis
o mais próximo da realidade possível
que alegria é possível na queda constante no abismo?
a beleza das escarpas passando,
a paisagem, os encontros em plena queda
desfazimento, dissipação, difusão
quinta-feira, 10 de janeiro de 2008
cabelos de praia
no banheiro do elevador
as risadas das bruxas
as crianças riem
a porta abre e fecha
descruzando o corpo
moreno
dourado
de sol
a beleza eqüina
das longas crinas
a força cavalar das pernas
e as narinas, impetuosas
e eternas
ela vai, não vai?
a bi bia
as risadas das bruxas
as crianças riem
a porta abre e fecha
descruzando o corpo
moreno
dourado
de sol
a beleza eqüina
das longas crinas
a força cavalar das pernas
e as narinas, impetuosas
e eternas
ela vai, não vai?
a bi bia
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
pensância
é a tentância que leva à conseqüência,
e não a tendência, como erradamente ora se crê.
a tendência leva à ambulância,
assim como a clemência leva à jactância.
mesmo a tentância é apenas um grão de areia
diante da imensa força da abertura, de deixar ser
a deixância, a abrência
é a própria movência da magma universia
água que passa, jarro que não existe para conter
a continência é uma inconsistência
e não a tendência, como erradamente ora se crê.
a tendência leva à ambulância,
assim como a clemência leva à jactância.
mesmo a tentância é apenas um grão de areia
diante da imensa força da abertura, de deixar ser
a deixância, a abrência
é a própria movência da magma universia
água que passa, jarro que não existe para conter
a continência é uma inconsistência
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
auto destruição
como acolher cupins em casa de madeira
viver é escorrer pelo ralo
desperdiçar a vida
criar sempre nada
apenas consumir e parasitar
tanatos tantas vezes vence eros
a errância de eros vira tanatos
jarro sem fundo
a beleza é fátua
alegrias fátuas
vida temporária
efeméride
a auto destruição não é minha
não é do eu, não é de si
o eu não há
quem se destrói é a mesma força criadora do universo
senhor sriva nataraja
a dança da criação e da destruição
o que querem os genes ao se reproduzir?
ao gerarem sempre uma nova geração?
esta força contrária da única
criação destruição
viver é escorrer pelo ralo
desperdiçar a vida
criar sempre nada
apenas consumir e parasitar
tanatos tantas vezes vence eros
a errância de eros vira tanatos
jarro sem fundo
a beleza é fátua
alegrias fátuas
vida temporária
efeméride
a auto destruição não é minha
não é do eu, não é de si
o eu não há
quem se destrói é a mesma força criadora do universo
senhor sriva nataraja
a dança da criação e da destruição
o que querem os genes ao se reproduzir?
ao gerarem sempre uma nova geração?
esta força contrária da única
criação destruição
sábado, 5 de janeiro de 2008
silogismo ao maracujá
tudo é negócio, tudo é negação do ócio, isso é o capitalismo.
é no ócio que se processa a evolução.
logo,
descansar é a revolução.
é no ócio que se processa a evolução.
logo,
descansar é a revolução.
sexta-feira, 4 de janeiro de 2008
espelho
a alma incomoda dentro de nós:
se vazia é cheia, se cheia torna-se vazia.
realmente incomoda! e desacomoda...
nem quando dorme se acomoda?
se vazia é cheia, se cheia torna-se vazia.
realmente incomoda! e desacomoda...
nem quando dorme se acomoda?
inhamantra
inhame, inhame, inhame
mais se come mais se inhame
inhame, inhame, inhame
mais se come mais se inhame
mais se come mais se inhame
inhame, inhame, inhame
mais se come mais se inhame
Guêróba - pra Wanina...
ano novo
Carrega-me contigo, Pássaro-Poesia
Quando cruzares o Amanhã, a luz, o impossível
Porque de barro e palha tem sido esta viagem
Que faço a sós comigo. Isenta de traçado
Ou de complicada geografia, sem nenhuma bagagem
Hei de levar apenas a vertigem e a fé:
Para teu corpo de luz, dois fardos breves.
Deixarei palavras e cantigas. E movediças
Embaçadas vias de Ilusão.
Não cantei cotidianos. Só te cantei a ti
Pássaro-Poesia
E a paisagem-limite: o fosso, o extremo
A convulsão do Homem.
Carrega-me contigo.
No Amanhã.
Hilda Hilst
quinta-feira, 3 de janeiro de 2008
revorteio
"fomos maus espectadores da vida, se não vimos também a mão que delicadamente - mata".
"enquanto o tempo não trouxer teu abacate amanhecerá tomate e anoitecerá mamão".
"o pior com nossos problemas é que ninguém tem nada com isso".
"se você quer ser feliz, seja".
"enquanto o tempo não trouxer teu abacate amanhecerá tomate e anoitecerá mamão".
"o pior com nossos problemas é que ninguém tem nada com isso".
"se você quer ser feliz, seja".
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